Descrição
«Espero sim que estas páginas tenham interesse para os que se bateram, nessa guerra que depois foi chamada de «inútil»; para os que lutaram para que nada do que aconteceu tivesse acontecido, para os que perderam o seu país e não tinham mais nada. E para aqueles mais jovens, que não vão conhecer um Portugal com futuro, uma pátria que podia ter sido grande, e que no rectângulo pequeno, partidocrático, obscuro, no eterno caciquismo onde só mudaram os caciques, hão-de sentir a nostalgia dos grandes espaços, da aventura africana, de uma terra onde valia a pena viver. E que possam justificar um pouco o sacrifício dos órfãos, das viúvas, dos pais daqueles que se bateram e morreram no Ultramar Português, deixando, nessas paragens hoje entregues à guerra civil e à opressão, os ossos e as esperanças. Que apesar de malogrado pela traição e indiferença dos seus compatriotas, o seu exemplo seja a nossa força e a nossa razão para devolver ao que ficou da pátria a dignidade e a honra, já que a grandeza parece ter-se perdido, de vez, neste suicídio colectivo que hoje começamos a compreender à medida que o tempo, juiz supremo, vai descortinando a teia obscura destes anos do fim.»