País sem Rumo – Contributo para a História de uma Revolução

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22 cm, 457-[7] págs., br.,

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”Perante o descalabro a que a desvirtuação dos ideais democráticos do «25 de Abril» conduziu o País é natural e, até, de certo modo legítimo que a atenção da maioria dos portugueses se detenha mais sobre as consequências da «Revolução» do que sobre as suas causas. E, à medida que a crise económica se agrava e o espectro da miséria se aproxima, muitos são levados a analisar com saudosismo o passado responsável pelo desencadeamento do processo revolucionário — com todo o seu longo cortejo de erros, carências, desmandos e oportunismos. Não será, por isso, demais recordar que o Movimento Militar triunfou sem a menor resistência e perante o entusiástico apoio de todos os sectores da Nação; e que tal triunfo, mais do que uma real vitória, representou o epílogo do processo de desagregação de um regime que se auto-destruiu, rendendo-se sem luta a uma «Revolução» conduzida por um «Comité» desconhecido e realizada por unidades sem instrução e algumas sem munições.
Esta a realidade vivida na tarde de 25 de Abril de 1974, desde logo a apontar para um estudo sereno dos últimos anos do velho regime, em ordem a prospectar as verdadeiras causas da «Revolução», no pressuposto de que esta nunca se teria transformado num grande Movimento Nacional se não se tivesse desenvolvido em terreno propício e correspondido aos legítimos anseios da maioria dos portugueses. E, pois, tempo de nos debruçarmos sobre o passado, não na ilusão de estabelecer a verdade última, mas na certeza de contribuir para um mais justo julgamento dos homens e uma mais correcta interpretação dos acontecimentos.
Por mim, não me furtarei ao dever de levantar o véu das «conveniências políticas» que cobriu alguns passos dos últimos anos da minha vida pública e de trazer a lume uma série de factos ocorridos no decurso do meu mandato de Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné. E faço-o por respeito ao direito que o Povo Português tem de ser correctamente esclarecido sobre uma fase da vida política nacional em que directamente comparticipou, fase particularmente complexa e controversa: complexa pelo emaranhado de factores internos e externos que a condicionaram e controversa porque nela se debateram correntes de opinião profundamente divergentes quanto a decisões fundamentais, já então evidenciadas como conducentes à desagregação do País. Assim, é com a noção exacta das responsabilidades e sem qualquer preocupação de encobrir erros próprios que me proponho contribuir para aclarar o passado próximo do «25 de Abril». Esforçar-me-ei, para o efeito, por relatar fiel e objetivamente factos por mim directamente vividos, tomando como base de partida, no tempo, o mês de Maio de 1968, data em que — por imperativo militar — entrei nos «meandros da política» ao aceitar o governo da Guiné.”

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