Descrição
1.ª edição. “(…) Enfim, Inês tinha todos os motivos para casar, por palavras de presente, com o infante, e este para a amar. Ela era o seu luxo e a sua «ingenuidade», porque a via como uma virgem romana, uma princesa troiana, sem perder nada da sua atualidade. Raptou-a ou
D. João Afonso lha mandou de presente, com um leito, lençóis, tapetes, cofres e baús de madeira encerada é em que o pó não entra. E disse-lhe que seria rainha (…)
(…) A História é uma ficção controlada. A verdade é coisa muito diferente e jaz encoberta debaixo dos véus da razão prática e da férrea mão da angústia humana. Investigar a História ou os céus obscuros não se compadece com susceptibilidades. Que temos nós a perder?
A personalidade não existe, mas sim efeitos que a desenham como os efeitos da luz sobre os corpos. Por isso não causamos danos no carácter dos povos quando aventuramos paixões e factos que, no fundo, são a projecção do mais humilde dos cabaneiros e zagalos. (…)
(…) As Adivinhas de Pedro e Inês ficam entregues à imaginação do público, dos leitores, sobretudo aqueles que se preocupam com a descrição de uma identidade nacional e sabem que ela nos é imposta do exterior, primeiro que tudo. Ela é a soma de imagens em que não nos reconhecemos mas que estão presas a nós com singular firmeza e às quais não podemos escapar. Pedro e Inês são imagens dessas. (…)”. Conserva a sobrecapa editorial mostrando uma escultura de Gustavo Barros, fotografada por J. P. Sotto Mayor.