Enfermaria do Idioma

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19,4 cm, 294-[18] págs., br.,

35.00

Interessante estudo sobre a língua portuguesa. Exemplar por abrir

REF: 3286 Categoria:

Descrição

«Subscrevi de boa mente, durante muitos anos, uma série de apontamentos linguísticos, subordinados ao título geral de Enfermaria do Idioma. Digo título geral, porque, de nota para nota, variava o subtítulo. Dependia este do assunto versado em cada nota ou nótula, tão pequenina era. A Enfermaria do Idioma inaugurou-se aí no Porto, na falecida Revista do Norte, no já recuado ano de 1955, ano em que nasceu, viveu e morreu aquela tentativa de publicação literária estreme. Pode dizer-se que morreu ainda como anjinho, porque durou apenas doze meses. Deve ter subido ao empíreo das revistas que se apagam antes da idade propícia a todos os pecados. Suponho que morreu inocente. A Enfermaria do Idioma não morreu com a Revista do Norte. Salvei-a… Peguei-lhe ao colo e trouxe-a para o Douro, para o boletim dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua. Aí viveu até o mês de Agosto de 67. Não sei se ressuscitará.
Nunca subscrevi, com o meu nome próprio, a Enfermaria do Idioma. Espécie de recreio, estranho a um acervo de obrigações, subscrevi-o com o pseudónimo Constâncio de Carvalho – nome que usou, na minha terra natal, um almocreve analfabeto, falecido com uma grande carga de anos e de tropelias. Morreu em 1936. Dele me ocupo num dos capitulos do meu Sem Método. A escolha do pseudónimo, se bem a compreendo, obedeceu a mil motivos. Constâncio de Carvalho resumiu, a meus olhos, a minha terra natal. Simbolizou, a meus olhos, o povo iletrado, mestre da língua antes de receber gato por lebre como verniz de ilustração. De mais a mais, Constâncio de Carvalho é nome que ultrapassa a vulgar constância. Constância de carvalho, constância inquebrantável e indomável, foi a constância do meu amor à lingua portuguesa. Amor de leigo, inspirado na sabedoria do almocreve extinto, porfiou e porfiará em defender o nosso encantador idioma condenado à morte. Publiquei, no Comércio do Porto de 8 de Abril de 1968, as palavras que aí ficam. Devo-as à memória de Constâncio de Carvalho.
JOÃO DE ARAÚJO CORREIA»

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