Depoimento

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21 cm, 248-[2] págs., br.,

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«Logo que, sob prisão, cheguei ao Funchal em 26 de abril, resolvi aproveitar as horas de ócio forçado para ir redigindo o meu depoimento sobre os sacrificados cinco anos e meio em que tive sobre os ombros o encargo do governo português. E não mais deixei de trabalhar nele até o dia que, dois meses decorridos, o terminei, já no Rio de Janeiro. Trata-se de um depoimento e que, por isso, não pode deixar de ser prestado na primeira pessoa. Mas ao qual procurei imprimir a objetividade possível do testemunho de quem apenas tivesse presenciado os fatos. Com ele não pretendo criar dissensões, agravar pessoas, açular ódios, mas unicamente esclarecer propósitos, justificar orientações, retificar versões de fatos, em legítima defesa própria e dos meus colaboradores, e nada mais. Escrevi o que tinha de memória, longe dos documentos, sem poder consultar livros, estatísticas ou peritos e colaboradores, e só tarde, quase chegado ao fim do texto, consegui obter os cinco volumes onde estão coligidas as declarações por mim feitas em discursos, comunicações, “conversas em família” e entrevistas nos cinco primeiros anos de governo, bem como as publicações que no final de cada um sumariavam a obra realizada. Com tão magros recursos, é natural que a narração tenha lacunas e haja até um ou outro erro cronológico, mas pela exatidão da substância do que digo respondo eu. As circunstâncias não permitiam demorar a edição do livro, não só por se anunciar o julgamento de colaboradores meus mantidos sob prisão, como por não convir que se deixem consolidar acusações e opiniões postas a correr mundo no afã de mostrar os malefícios do “fascismo” — como se chama agora ao regime constitucional que o povo português desejou e manteve durante quase cinqüenta anos e lhe garantiu ordem e prosperidade, após as vicissitudes agitadas da pseudodemocracia partidária que se seguiu à proclamação da República. Estou certo de que os historiadores desapaixonados do futuro hão de fazer justiça quer à ação do Dr. Salazar, quer ao esforço que desenvolvi no governo. Mas seria imprudente da minha parte limitar-me a confiar no futuro e deixar que o vociferar do presente tolde e deforme a imagem do passado próximo. Tenho um nome e uma obra a defender, uma obra a que se ligaram muitos milhares de portugueses, e nessa defesa não deixarei de cumprir até o fim o que considerar de meu dever. Neste livro faltam alguns capítulos que não julguei conveniente ou oportuno incluir nele. Em especial o referente às relações internacionais, que, todavia, seria esclarecedor de muitos fatos. São fáceis de compreender as razões da omissão. Pautei sempre a conduta na vida pública pelo amor a Portugal. Nas horas de atribulação da Pátria os sentimentos que por ela nutro permanecem inalteráveis. Inalterável, também, o veemente desejo de que sejam vencidas da melhor maneira as graves dificuldades do momento e se rasguem perspectivas felizes ao futuro do povo português.
М. С.»

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